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Minicérebros

O cérebro é um órgão extremamente complexo e sensível a anormalidades, principalmente no período fetal, quando fica mais vulnerável para aparecimento de transtornos do neurodesenvolvimento.

Devido aos estudos em humanos serem desafiadores, tanto em nível prático quanto em nível ético, modelos in vitro e testes em animais são utilizados se tentar alcançar um modelo que se assemelhe em complexidade com o ser humano.

Modelos animais têm sido muito utilizados para estudos neuroanatômicos e de doenças, mas apesar de ser um sistema válido para pesquisa, o cérebro de um animal ainda é muito diferente do cérebro humano.

Mas os minicérebros, um outro modelo de cultivo de células, tem começado a alavancar os estudos de neurodesenvolvimento humano in vitro, particularmente por causa dos métodos que têm evoluído constantemente, tornando os minicérebros cada vez mais refinados para responder questões específicas.

Atualmente os minicérebros conseguem simular muitas características de um cérebro humano na fase fetal, incluindo citoarquitetura, diversidade celular e maturação, apresentando também proliferação de camadas, típicas de um córtex ainda em fase embrionária.


Os minicérebros podem ser utilizados para entendermos como infecções agem no cérebro em desenvolvimento, como no caso de estudos sobre o Zika vírus, e como ocorrem transtornos do neurodesenvolvimento, sendo atualmente usado para estudar o Transtorno do Espectro Autista.

Sua importância também se destaca nos estudos sobre atividade neuronal, evolução (na comparação de minicérebros humanos com minicérebros de primatas), testes de fármacos e estudos sobre medicações personalizadas.

Muita coisa para um cérebro considerado "mini", não é mesmo?

Referência:
Chiaradia, I., Lancaster, M.A. Brain organoids for the study of human neurobiology at the interface of in vitro and in vivo. Nat Neurosci. (2020).